quinta-feira, 28 de junho de 2012
Avaliação da aula com o uso do blog
O planejamento foi realizado com sucesso, consegui almejar todas as aulas previstas, os alunos adoraram a nova função, tivemos um aprendizado muito significante e os objetivos iniciais foram alcançados além de termos sucesso em outros aspectos, tais como, o manuseio com o blog e com o próprio computador.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Sugestão de uso pedagógico do blog
Variações linguísticas
O modo de falar do brasileiro
Toda língua possui variações linguísticas. Elas podem ser entendidas por meio de sua história no tempo (variação histórica) e no espaço (variação regional). As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir de três diferentes fenômenos.
1) Em sociedades complexas convivem variedades linguísticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais, com diferentes acessos à educação formal; note que as diferenças tendem a ser maiores na língua falada que na língua escrita;
2) Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes de acordo com as diferentes situações de uso, sejam situações formais, informais ou de outro tipo;
3) Há falares específicos para grupos específicos, como profissionais de uma mesma área (médicos, policiais, profissionais de informática, metalúrgicos, alfaiates, por exemplo), jovens, grupos marginalizados e outros. São as gírias e jargões.
Assim, além do português padrão, há outras variedades de usos da língua cujos traços mais comuns podem ser evidenciados abaixo.
Uso de “r” pelo “l” em final de sílaba e nos grupos consonantais: pranta/planta; broco/bloco. |
Alternância de “lh” e “i”: muié/mulher; véio/velho. |
Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: arve/árvore; figo/fígado. |
Redução dos ditongos: caxa/caixa; pexe/peixe. |
Simplificação da concordância: as menina/as meninas. |
Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do verbo: “Chegou” duas moças. |
Uso do pronome pessoal tônico em função de objeto (e não só de sujeito): Nós pegamos “ele” na hora. |
Assimilação do “ndo” em “no”( falano/falando) ou do “mb” em “m” (tamém/também). |
Desnasalização das vogais postônicas: home/homem. |
Redução do “e” ou “o” átonos: ovu/ovo; bebi/bebe. |
Redução do “r” do infinitivo ou de substantivos em “or”: amá/amar; amô/amor. |
Simplificação da conjugação verbal: eu amo, você ama, nós ama, eles ama. |
Variações regionais: os sotaques
Se você fizer um levantamento dos nomes que as pessoas usam para a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita gente não gosta de falar tal palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o demônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa, que traz uma linguagem muito característica do sertão centro-oeste do Brasil:
Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azarape, O Coisa-ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfano, Rabudo.Drummond de Andrade, grande escritor brasileiro, que elabora seu texto a partir de uma variação linguística relacionada ao vocabulário usado em uma determinada época no Brasil.
Antigamente
"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."
Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do século 21? Toda língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na época medieval.
Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azarape, O Coisa-ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfano, Rabudo.
Antigamente
"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."
Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do século 21? Toda língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na época medieval.
Língua e status
Nem todas as variações linguísticas têm o mesmo prestígio social no Brasil. Basta lembrar de algumas variações usadas por pessoas de determinadas classes sociais ou regiões, para perceber que há preconceito em relação a elas.
Veja este texto de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nordestino, que fala do assunto:
O Poeta da Roça
Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
(...)
Você acredita que a forma de falar e de escrever comprometeu a emoção transmitida por essa poesia? Patativa do Assaré era analfabeto (sua filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano e se tornou conhecida mesmo na Europa.
Leia agora, um poema de um intelectual e poeta brasileiro, Oswald de Andrade, que, já em 1922, enfatizou a busca por uma "língua brasileira".
Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
Uma certa tradição cultural nega a existência de determinadas variedades linguísticas dentro do país, o que acaba por rejeitar algumas manifestações linguísticas por considerá-las deficiências do usuário. Nesse sentido, vários mitos são construídos, a partir do preconceito linguístico.
Veja este texto de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nordestino, que fala do assunto:
O Poeta da Roça
Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
(...)
Você acredita que a forma de falar e de escrever comprometeu a emoção transmitida por essa poesia? Patativa do Assaré era analfabeto (sua filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano e se tornou conhecida mesmo na Europa.
Leia agora, um poema de um intelectual e poeta brasileiro, Oswald de Andrade, que, já em 1922, enfatizou a busca por uma "língua brasileira".
Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
Uma certa tradição cultural nega a existência de determinadas variedades linguísticas dentro do país, o que acaba por rejeitar algumas manifestações linguísticas por considerá-las deficiências do usuário. Nesse sentido, vários mitos são construídos, a partir do preconceito linguístico.
*Alfredina Nery Professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada para professores na área de língua/linguagem/leitura.
Utilizaria esse vídeo com os alunos do 3º ano matutino,na disciplina de Língua Portuguesa, o vídeo relata a diversidade linguística, demonstrando o falar diferente do brasileiro, mostra ainda as diferenças de linguagem culturais e regionais.
Chopis Centis
Mamonas Assassinas
Eu 'di' um beijo nela
E chamei pra passear
A gente 'fomos' no shopping,
Pra 'mó de' a gente lanchar
E chamei pra passear
A gente 'fomos' no shopping,
Pra 'mó de' a gente lanchar
Comi uns bichos estranhos,
Com um tal de gergelim
Até que tava gostoso,
Mas eu prefiro aipim
Com um tal de gergelim
Até que tava gostoso,
Mas eu prefiro aipim
Quanta gente,
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia
Quanta gente,
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia
Paríba!
Joinha, joinha chupetão vamo lá
Chuchuzinho vamo embora
Onde é que entra hein?
Joinha, joinha chupetão vamo lá
Chuchuzinho vamo embora
Onde é que entra hein?
Esse tal "Chópis Cêntis"
É muicho legalzinho,
Pra levar as namoradas
E dar uns rolêzinhos
É muicho legalzinho,
Pra levar as namoradas
E dar uns rolêzinhos
Quando eu estou no trabalho,
Não vejo a hora de descer dos andaime
Pra pegar um cinema, do Schwarzenegger
"Tombém" o Van Daime.
Não vejo a hora de descer dos andaime
Pra pegar um cinema, do Schwarzenegger
"Tombém" o Van Daime.
Quanta gente,
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia
Bem Forte, bem forte
Quanta gente,
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia
Quanta gente,
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia
Utilizaria esse vídeo com os alunos do 3º ano matutino,na disciplina de Língua Portuguesa, o vídeo relata a diversidade linguística, demonstrando o falar diferente do brasileiro, mostra ainda as diferenças de linguagem culturais e regionais.
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